quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Espírito morto ocupando um corpo vivo

Você toca meus pés quentes e não entende o que eu digo
Apalpa minhas mãos suadas, mas ainda não sabe do que estou falando
Então eu grito e conquanto o som faísca, meus olhos permanecem gelados - Estou morta, estou morta! Por quê não enxerga? - Você não entende uma palavra.
- Eu sinto o calor do seu sangue correndo pelas suas veias... você não pode estar morta. - contesta.
Mas é só um corpo, eu penso. O espírito continua morto.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Cinismo natural


Hoje eu não consegui dormir. Dormir? Esses pequenos pedaços de morte. Como os odeio! Mas talvez eu já esteja literalmente morta. Pior ainda é pensar que talvez eu esteja literalmente viva. Mas enfim, vim para desejar-lhes um bom dia, sim? Comam carne, leiam, façam exercícios físicos. Mas não se apaixonem, viu? Que o amor é algo doentio! Meu Deus, onde já se viu...ver resplandecer uma luz atrás de alguém, igual a quem se vê em todo lugar. Você não é especial. Amor, não me leve a mal, que o meu cinismo é fruto do meu pessimismo natural. E eu não me envergonho que às vezes eu mude de opinião, perdão, se a minha constante inconstância lhe causa confusão.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Acontece


Bateram à minha porta em 6 de agosto, 
aí não havia ninguém 
e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira 
e transcorreu comigo, ninguém. 

Nunca me esquecerei daquela ausência 
que entrava como Pedro por sua causa 
e me satisfazia com o não ser, 
com um vazio aberto a tudo. 

Ninguém me interrogou sem dizer nada 
e contestei sem ver e sem falar. 

Que entrevista espaçosa e especial!


Pablo Neruda (Últimos Poemas)


domingo, 27 de setembro de 2009

O espaço de dois gumes


Ando sem muito o que escrever. Talvez porque na minha cabeça exista um enorme e intrínseco espaço em branco. É como se minha história se resumisse no que foi e no que será. O presente é como um hífen, que apenas liga as duas palavras: passado - futuro. Os dois tempos. Um hífen , aparentemente, não significa nada e não diz nada, só liga um ao outro. Mas lembre-se que mesmo um hífen possui duas extremidades. Um gume no ínicio e outro no fim.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

{Além disso daqui?}

To com sono e cansada. O calor dessa cidade devora minha paciência e a sua mansidão me deixa pra baixo. Quero me aventurar. Quero ver o novo e o velho. Quero ver além disso daqui.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Escute:

Eu te deixo ser, deixe-me ser então.

[Lispector]

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A visitante noturna

"A verdade é que sem sua mãe, o chalé outrora tão solar foi se deteriorando. E por mais que se erguessem edifícios à sua volta, era a sombra de Matilde que eu via sempre em cima dele. (...) Na época, eu frequentemente amanhecia inquieto, ia acordá-la para verificar o que restava de Matilde em seu rosto. Não era loucura minha, a Balbina também notava que cada dia você perdia mais um traço da mãe, e nesse passo já perdera todo o desenho original da boca, fora o negro dos olhos e a tez acastanhada. Era como se na calada da noite, Matilde passasse para buscar suas coisas no rosto da filha, em vez dos vestidos no armário ou dos brincos na gaveta."
      Trecho de Leite Derramado, Chico Buarque.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

E o que a gente faz?

To ficando mais esperta com o tempo, to aprendendo a prever atitudes, ou melhor, a desvendar gestos e comportamentos das pessoas. Os meus não, vou ser sempre um mistério pra mim mesmo! Nunca sei o que se passa na minha cabeça e ajo feito um bicho, por instinto! Ou por arte, sei lá...talvez  como um escritor, o que se encaixar melhor no contexto. Mas ainda me surpreendo com os resultados, mesmo prevendo. Onde já se viu? De que me adianta essa especialidade se eu torço estar errada? De que me adianta toda minha frieza, se a decepção é ardente? E de que me adianta prever o futuro e não estar preparada para quando ele chegar? De que me adianta ceder e mesmo assim doer e doer diante daquilo que abri mão?  E o que a gente faz, quando o universo em que a gente vive não nos cabe mais? Quando a casa onde a gente mora não nos cabe mais? Quando a internet não nos cabe mais? Quando a cidade te sufoca? Quando riem pelas suas costas? Quando não há pra onde correr e nem onde ficar?

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Eu tive uma rosa. Eu amei uma rosa.

"Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é doce, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas.
Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isto basta para que seja feliz quando a contempla. Ele pensa "Minha flor está lá, nalgum lugar..." Mas se o carneiro come a flor, é pra ele, bruscamente, como se todas as estrelas se apagassem.
As estrelas são belas por causa de uma flor que não se vê.
Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que fez tua rosa tão importante (...) Os homens esqueceram essa verdade. Mas tu não deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."

(O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry)

Veja bem, eu tive uma rosa. Eu amei uma rosa. Mas rosas, você sabe, são muito delicadas, um vento, que seja, pode quebrar seu tronquinho estreito e arrancar-lhe as pétalas. A eterna desvantagem em ter uma rosa é o risco de perdê-la. Vovó foi uma das rosas mais belas e alegres que se pode imaginar. A dor que conduz à morte distorce a beleza e a alegria, mas que se conserve em minha lembrança e na lembrança de todos apenas o que for bom. Da vida, e não da morte. Da sua energia e obstinação diante das dificuldades que lhe foram impostas. Até mesmo sua teimosia e mal-humor, dos quais herdei e admito sem reservas. Mas principalmente, das histórias engraçadas que nos contava, sua ingenuidade e certa doçura em suas origens sertanejas, sua maneira exagerada de contar e supersticiosa de encarar a realidade e seu jeitinho mais besta do mundo que matava todo mundo de rir. Te amo muito e pra sempre. Divirta-se pra caramba ao lado de Jesus e coma muitos doces sem precisar ser escondido, desta vez.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009


Quando deram as sete na catedral, havia uma estrela solitária e límpida no céu cor-de-rosa, um barco lançou um adeus desconsolado, e senti na garganta o nó górdio de todos os amores que puderam ter sido e não foram.

Memória de minhas putas tristes
Gabriel García Marqués

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Laughing with, Regina Spektor

Esse vai especialmente pro meu pai. Te amo, cara!

Ninguém ri de Deus no hospital
Ninguém ri de Deus na guerra
Ninguém está rindo de Deus quando está morrendo de fome, congelando no frio ou na miséria
Ninguém ri de Deus quando o médico liga após um exame de rotina
Ninguém ri de Deus quando já está muito tarde e os filhos não voltaram da festa ainda
Ninguém ri de Deus quando o avião começa a sacodir incontrolavelmente
Ninguém está rindo de Deus quando vê a pessoa que ama de mãos dadas com outro e torce para eles estejam enganados
Ninguém ri de Deus quando a polícia bate na porta deles
E diz: Temos más notícias, senhor.
Ninguém está rindo de Deus quando há fome, incêndio ou inundação
Mas Deus pode ser engraçado em um jantar
Quando você ouve uma ótima piada sobre Ele
Ou quando os loucos dizem que Ele nos odeia
E seus rostos ficam tão vermelhos que você pensa que eles vão engasgar
Deus pode ser muito engraçado
Quando dizem que Ele vai te dar dinheiro se você orar do jeito certo
Ou quando Ele se apresenta como um gênio que faz mágicas feito Houdini
Ou quando concede desejos feito Jiminy Cricket e o Papai Noel
Deus pode ser tão hilário haha haha
Ninguém ri de Deus em um hospital
Ninguém ri de Deus em uma guerra
Ninguém está rindo de Deus quando perde tudo o que tem
E não sabe por quê

Ninguém está rindo de Deus quando percebe que a última coisa que vão ver é um
par de olhos cheios de ódio
Ninguém ri de Deus quando está dizendo adeus
Ninguém está rindo de Deus
Nós todos estamos rindo com Deus.

domingo, 9 de agosto de 2009

My dream for today is being away tomorrow.

Pelo bem do idioma, não usem google translator. Distorce. Simplesmente, distorce.

Many reasons add

Além do beco, se você derrubar aqueles muros, há um arco-íris pintado no céu. Cada cor é uma saída, se você escolher alguma das saídas, vou atrás de você.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Revolta do amor demais

Existem duas maneiras de se terminar um romance - Não amando, ou amando demais.

Clarice escreveu -Quando o amor é grande demais torna-se inútil: já não é mais aplicável, e nem a pessoa amada tem a capacidade de receber tanto. Fico perplexa como uma criança ao notar que mesmo no amor tem-se que ter bom senso e senso de medida. Ah, a vida dos sentimentos é extremamente burguesa.

Brilhante senhora Lispector. Brilhante.
Nada como ouvir uma música que você já ouviu um milhão de vezes, mas que de repente te joga coisas na cara que te faz sentir vergonha de sí mesmo e ao mesmo tempo te enriquece de sabedoria.

Ouvindo e analisando: Beatles - All you need is love

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Meu mundo é hoje, não existe amanhã pra mim. - já dizia Wilson Batista

domingo, 2 de agosto de 2009

A fidelidade do cachorro

Todos os dias, Hachiko, um cão da raça Akita, esperava o dono na estação Shibuya, em Tóquio, pontualmente às 15 horas. Mas em maio de 1952, Eisaburo Ueno, professor da Universidade de Tóquio adoeceu e morreu no trabalho. Naquele dia, Hachiko esperou pelo dono por muito tempo, e no dia seguinte, e no próximo - pelos próximos onze anos, até a sua morte, o cão voltou para a plataforma todos os dias no mesmo horário. Hachiko se tornou um ícone nacional no Japão, ganhou uma estátua de bronze no Shibuya e teve uma história baseada em sua vida transformada em filme. Além disso, sua raça Akita, que estava prestes a entrar em extinção, agora graças a Hachiko, é a raça de cachorros mais popular no Japão.


Fonte: Os cães mais influentes da história - http://revistaepoca.globo.com/

sexta-feira, 31 de julho de 2009

A morte de José Arcadio

Um trecho de Cem anos de Solidão, de Gabriel García Márquez. Me atrevo a dizer que talvez tenha sido o melhor livro já escrito no planeta.


Logo que José Arcadio fechou a porta do quarto, o estampido de um tiro retumbou na casa. Um fio de sangue passou por debaixo da porta, atravessou a sala, saiu para a rua, seguiu reto pelas calçadas irregulares, desceu degraus e subiu pequenos muros, passou de largo pela Rua dos Turcos, dobrou uma esquina à direita e outra à esquerda, virou em ângulo reto diante da casa dos Buendía, passou por debaixo da porta fechada, atravessou a sala de visitas colado às paredes para não manchar os tapetes, continuou pela outra sala, evitou em curva aberta a mesa da copa, avançou pela varanda das begônias e passou sem ser visto por debaixo da cadeira de Amaranta, que dava uma aula de Aritmética a Aureliano José, e se meteu pela despensa e apareceu na cozinha onde Úrsula se dispunha a partir trinta e seis ovos para o pão.
— Ave Maria Puríssima! — gritou Úrsula.
Seguiu o fio de sangue em sentido contrário, e em busca da sua origem atravessou a despensa, passou pela varanda das begônias onde Aureliano José cantava que três e três são seis e seis mais três são nove, e atravessou a copa e as salas e seguiu em linha reta pela rua, e em seguida dobrou à direita e depois à esquerda até a Rua dos Turcos, sem se lembrar que ainda trazia vestidos o avental de cozinha e as chinelas caseiras, e saiu para a praça e se meteu pela porta de uma casa onde não havia estado nunca, e empurrou a porta do quarto e quase se sufocou com o cheiro de pólvora queimada, e encontrou José Arcadio caído de bruços no chão, sobre as polainas que acabava de tirar, e viu a fonte original do fio de sangue que já havia deixado de fluir do seu ouvido direito. Não encontraram nenhuma ferida no seu corpo nem puderam localizar a arma.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Aqui só tem campeão, moçada!

Paguei o preço várias vezes
Cumpri minha sentença, mesmo sem cometer crime algum
Sim, cometi alguns erros graves
Já chutaram terra na minha cara
Mesmo assim eu superei!
Nós somos campeões, meus amigos
E vamos lutar até o fim!
Somos os campeões! Somos os campeões!
Aqui não tem vez pros derrotados, porque somos os campeões do mundo!
Dei meus cumprimentos
Atendi ao chamado da cortina
Vocês me deram fama, fortuna e tudo mais que acompanha.
Agradeço a todos!
Mas não é um mar de rosas! Não é um prazeroso cruzeiro!
Eu considero um desafio perante a raça humana e eu não vou perder!
Nós somos campeões, meus amigos
E vamos lutar até o fim!
Somos os campeões! Somos os campeões!
Aqui não tem vez pros derrotados, porque somos os campeões do mundo!

(We are the champions - Queen)

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O amor é etéreo. Quando você ama alguém, isso é Deus te dando a missão de cuidar dessa pessoa.


Te amo demais Ben.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Talvez nem seja o cérebro não parar de funcionar, talvez o real problema é que ele funciona do lado errado. Me falta é inteligência pra arquitetar um plano genial infalível ao invés dessa minha criatividade infantil.

domingo, 26 de julho de 2009

Como se desliga cérebro? Alguém sabe? Eu não consigo parar de ficar pensando, preciso desligar isso...meu cérebro.

O intelecto revolucionário não é uma paixão do cérebro, mas sim o cérebro da paixão. - dizia Marx.

Vai chegar um dia, e esse dia provavelmente será quando você já tiver vivido a maior parte da sua vida, que você vai olhar pra sí mesmo e dizer: "Mas esse sou eu", e você sentirá um certo conforto. Esse sou eu, e pelo menos eu não sou um daqueles horríveis normais.

(A menina no país das maravilhas)

Algumas pessoas tem medo do escuro, outras de fantasmas. Algumas tem medo da solidão e até mesmo da morte. Não, eu não tenho nenhum desses medos. Meu medo é de quando morrer, descobrir nunca ter realmente vivido.

Tenho aprendido a pegar maçãs ruins e transformá-las no mais doce suco de maçã. (Michael Jackson)

sábado, 25 de julho de 2009


Não sei uma nota de música, nem preciso.
(Elvis)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O lutador judeu


Meu trecho favorito do livro A menina que roubava livros, de Markus Zusak. Quis compartilhar;

"Pessoas, judeus e nuvens, todos pararam. Ficaram observando.
Postado ali, Max olhou primeiro para a menina, depois fitou diretamente o céu, amplo, azul e magnífico. Havia feixes pesados - pranchas de sol - caindo na estrada ao acaso, maravilhosamente. As nuvens arquearam as costas para olhar para trás, recomeçando sua caminhada.
- Está um dia tão lindo - disse Max com a voz em muitos pedaços. Um grande dia para morrer. Um grande dia para morrer, como esse.
[...]
Max.
O lutador judeu.
Por dentro ela disse tudo.
Máxi Táxi. Foi assim que aquele seu amigo o chamou em Stuttgart, quando você brigava na rua, lembra-se? Lembra-se, Max? Você me contou, eu lembro de tudo...
Esse era você - o menino de punhos rígidos, e você disse que daria um soco na cara da morte quando ela viesse buscá-lo."


quarta-feira, 22 de julho de 2009

Hounddog (Deborah Kampmeier, 2008)

Esse filme, além de ter causado muita polêmica, não superou as expectativas dos críticos e dos cinéfilos. Mas devo dizer que esse é um daqueles filmes que valem a pena ser assistidos! Se não pela trilha embalada de sucessos de Elvis, pela brilhante atuação de Dakota Fanning, como Lewellen. No sul dos Estados Unidos, em 1961, Lewellen vive em situação de quase miséria com a avó e o pai. A garota vê em Elvis sua grande inspiração, então ela aprende a cantar e a dançar como ele, esperando que um dia, ele possa encontra-la e leva-la embora. A trama aborda problemas familiares, racismo e violência sexual, que foi o grande causador da polêmica. A cena de Dakota Fanning, uma atriz tão jovem, interpretando um estupro chocou muita gente. A verdade é que a cena foi bem discreta, a carga dramática é que foi grande. Talvez tenha servido pra reforçar ainda mais o talento da guria.


terça-feira, 21 de julho de 2009

Doce solidão!

Eu me considero uma pessoa feliz. Um tanto quanto solitária, sim. E de vez em quando me sinto triste. Então me encho de companhias, mas logo elas me deixam enfadada e sinto saudade da minha solidão. Há algo de doce na solidão que sempre me puxa. Desde que me dou por gente existe entre nós essa cumplicidade sorrateira. É na solidão que a gente consegue ouvir e enxergar a sí mesmo. Não há nenhuma interferência externa, acho brilhante! Acredito também que a liberdade é algo que a gente só conquista na solidão, é impossível ser livre se está preso à outra pessoa.


"Quem foi que disse que é impossível ser feliz sozinho? Vivo tranquilo, é a liberdade quem me faz carinho!"

O ser transcende a aparência


Na verdade é bem simples. O ser sempre transcende a aparência. Assim que você começa a descobrir o ser que há por trás de um rosto muito bonito ou muito feio, de acordo com seus conceitos e preconceitos, as aparências superficiais somem até simplesmente não importarem mais. [...] Deus, que é a base de todo o ser, mora dentro, em volta e através de todas as coisas, e emerge em última instância como o real. Qualquer aparência que mascare essa verdade está destinada a cair.

A Cabana
William P. Young


domingo, 19 de julho de 2009

No place to go lyric


Hours spinning on a caroussel of a closed amusement park
All night long till the sun rise
"I was nauseated anyway quite before I arrived" she said.
Walking with sun burning on the shoulders to a place far from home
But she always come back home, cuz she ain't got no place to go
She ain't got no place to go
She knows it, but everytime she runaways she thinks she's gonna make it this time
She can't stand anymore, she can't stand anymore
Cuz every time she drops a tear a slap on the face, yeah, that's what she receives
"Big girls don't cry! Big girls don't cry! Swallow it, pretend it doesn't hurt so pain won't take too long to leave". Till next crisis! Till next time! Till tomorrow!
Look under your bed and you'll see there's nothing hidden there
Cuz more than a half of your monsters just exists in your mind
Cast away all this fear and move on with your life, yeah
Walking with sun burning on the shoulders to a place far from home

But she always come back home, cuz she ain't got no place to go
She ain't got no place to go
Let the wind blow, see the smoke fade
While the train leave, the night is coming to meet you
With all of these wild flowing leafs
the wild flowing leafs
This is your time to realize that you gotta get through all of this
Other while you'll die, Gotta fight to survive
All the time till you win this

Tudo quer dizer alguma coisa, inclusive o nada.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A Felicidade

Só são felizes (pensei) aqueles que fixam a sua mente num objeto que não a sua própria felicidade, como a felicidade dos outros, o aperfeiçoamento da humanidade ou mesmo alguma arte ou atividade, procurando-o não como meio, mas como fim ideal em si. Tendo outra coisa em vista, encontram a felicidade pelo caminho. […] Pergunte a si próprio se é feliz e deixará de o ser. A única hipótese é tratar, não a felicidade, mas outro fim que lhe seja exterior, como propósito da vida.

(John Stuart Mill)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Beleza Roubada (Bertolucci,1996)

Todo cinéfilo que se preze sabe que Bertolucci é sempre digno de ser visto. Ao mesmo tempo que eu me sinto completamente indentificada com Lucy Harmon, personagem de Liv Tyler, não tenho nada em comum com ela. Lucy viaja para a Itália, na bela e renascentista Toscana, após a morte de sua mãe, com a desculpa de ter seu retrato pintado por um velho amigo da família, que é artista plástico. Lucy, na verdade, viaja para reencontrar o garoto que lhe deu seu primeiro beijo e descobrir alguns mistérios encobertos pela mãe. Apesar de ser um enredo delicado, o filme é despido de pudor. Contradições são típicas de Bernardo Bertolucci.

terça-feira, 14 de julho de 2009

DIES IRAE

Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece. E nem ao menos posso fazer o que uma menina semiparalítica fez em vingança: quebrar um jarro. Não sou semiparalítica. Embora alguma coisa em mim diga que somos todos semiparalíticos. E morre-se, sem ao menos uma explicação, E o pior - vive-se, sem ao menos uma explicação. E ter empregadas, chamemo-las de uma vez de criadas, é uma ofensa à humanidade. E ter a obrigação de ser o que se chama de apresentável me irrita. Por que não posso andar em trapos, como homens que às vezes vejo na rua com barba até o peito e uma bíblia na mão, esses deuses que fizeram da loucura um meio de entender? E por que, só porque eu escrevi, pensam que tenho que continuar a escrever? Avisei a meus filhos que amanheci em cólera, e que eles não ligassem. Mas eu quero ligar. Quereria fazer alguma coisa definitiva que rebentasse com o tendão tenso que sustenta meu coração.
E os que desistem? Conheço uma mulher que desistiu. E vive razoavelmente bem: o sistema que arranjou pra viver é ocupar-se. Nenhuma ocupação lhe agrada. Nada do que eu já fiz me agrada. E o que eu fiz com amor estraçalhou-se. Nem amar eu sabia, nem amar eu sabia. E criaram o Dia dos Analfabetos. Só li a manchete, recusei-me a ler o texto. Recuso-me a ler o texto do mundo, as manchetes já me deixam em cólera. E comemora-se muito. E guerreia-se o tempo todo. Todo um mundo de semiparalíticos. E espera-se inutilmente o milagre e quem não espera o milagre está ainda pior, ainda mais jarros precisaria quebrar. E as igrejas estão cheias dos que temem a cólera de Deus. E dos que pedem a graça, que seria o contrário da cólera.


Clarice Lispector

Alma Prolixa

Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras.
Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calmo e perdôo logo.
Não esqueço nunca.
Mas há poucas coisas de que eu me lembre.

Lispector, C .(1969). Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres.


God save the kings

domingo, 12 de julho de 2009

Meu corpo é uma jaula

Estou parado sobre um palco de medo e indecisão. O espetáculo é péssimo, mas mesmo assim, a platéia vai aplaudir. Estou vivendo em uma era, que chama a escuridão de luz. Apesar da minha língua ter sido assassinada, as metáforas ainda me satisfazem.

(Arcade Fire)
As letras combinadas constituem corpúsculos, glóbulos, plaquetas, hemáceas...que quando transformadas em música, nada mais é que o puro sangue escoado da minha alma.

As verdades devem se manter secretas

Uma alma não deve rasgar-se, expondo completamente os mistérios a que lhe refere. Um homem deve dar aos espectadores somente pequenos fragmentos de sua alma, mas apenas o suficiente para não enlouquecer-se de claustrofobia espiritual. Os espectadores devem interpretar por sí mesmos as qualidades de tal alma, sendo que a essência absoluta daquele ser deve permanecer para sempre secreta.
Sabe aquele papo nas escolas e na tv sobre todos termos que ter voz ativa, sobre falarmos o que a gente realmente pensa? É tudo papo furado, ninguém tá realmente interessado em ouvir o que você tá pensando.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O sobrevivente

Em algum momento eu precisava falar desse cara - um pianista polaco com ascendência judaica que ficou mais conhecido por ter sobrevivido à Segunda Guerra Mundial do que pela sua brilhante musicalidade. Wladyslaw Szpilman nasceu em 1911 e se tornou mundialmente conhecido em 2002, quando Roman Polanski (um dos meus diretores de cinema favorito) realizou um filme baseado no livro O Pianista, publicado em 1998. Na verdade, o livro havia sido escrito e publicado em 1945, pouco depois do fim da guerra, mas foi fortemente censurado, voltando às livrarias muitos anos depois. O filme é ótimo e deu o Oscar para Adrien Brody, que interpretou muitíssimo bem o próprio Szpilman. Mas nada se compara às declarações diretas de quem viveu os fatos. O livro é uma obra-prima! Eu li e recomendo. Adiantando a história pra quem não conhece, o pianista conta como Varsóvia, cidade natal de Szpilman, sucumbiu aos horrores da guerra. Fala sobre o gueto onde viveu e a sua batalha para refugiar-se onde não pudesse ser encontrado e assassinado pelos vilões nazistas. Infelizmente, o pianista faleceu em 2000, antes do filme ser realizado. A história de vida desse homem é realmente incrível, ele se tornou um herói pra mim, um verdadeiro exemplo de resistência e esperança.

Maaaany reasons

Taquí a letra da música do videozinho ultra mega caseiro que eu fiz nesse dia 8 de julho.

Many reasons

I got so many reasons to feel blue
And I dont have tears anymore
All I need is your shoulder
And a little bit of your love

I got so many reasons to feel good
And one of them, babe, is you!
And when you feel lonely
I'll be quick on the road that lead me
to you

Let's watch the sunset on a mountain high
Let's watch the wind blows through the trees tonight
Let's tell the world the love we have inside
Let's face our fears so we'll never have to hide

terça-feira, 7 de julho de 2009

Apenas um humano

Poisé, chorei litros com a cerimônia de homenagem a Michael Jackson. Tenho todo o carão de admitir. Sabe, nunca fui daquele tipo de fã que colecionou fotos e discos de MJ. Claro, eu sabia as letras, via os clipes ocasionalmente e meu celular tinha como toque Don't stop till you get enough há algum tempo. Pop music não é exatamente meu tipo de música, mas quem resiste a Michael Jackson? É de se admitir que o cara era um gênio e jamais haverá outro igual à ele. A cerimônia não chegou nem perto de ser um circo, como todos esperavam. Foi um velório como qualquer outro, com a excessão da grandeza do evento. Estão todos falando que MJ de repente virou um santo após o velório e o que não falta é babaca pra falar mal, chamar de racista, homossexual e comedor de criancinhas um cara que tanto bem fez pras pessoas, não só divertindo através da música, mas também, ajudando em causas humanitárias. Nunca acreditei na tal estorinha pra boi dormir da pedofilia, e dia após dia essa acusação perde a credibilidade. O tal do Jordan Chandler, garoto que o acusou, já desmentiu o fato. Admitiu ter sido forçado pelo pai a mentir. Não me canso de falar, porque parece que muitas pessoas não se cansam de ofendê-lo. MJ foi perseguido e ridicularizado durante toda sua vida por um bando de idiotas que não sabem nem onde estão fundamentadas as acusações contra ele. Faço das palavras do irmão de Michael, Marlon, as minhas:"Quem sabe agora, eles não te deixam em paz!".
- Fik dik: http://www.youtube.com/watch?v=mJtzINieAHY

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O pedreiro do chapéu-coco

Qualquer assunto que envolva música é algo que realmente tem a ver comigo. Quando se trata de música nacional então, me derreto. Sou apaixonada pelos velhos sambas de raíz e pela serenidade das bossas.
Do morro da Mangueira surgiu o samba que se popularizou nos anos 30, vindo do moço que aos 15 anos de idade abandonou os estudos para se tornar pedreiro e ingressar no mundo da boemia, da malandragem e do samba. O rapaz, que se chamava Agenor de Oliveira, trabalhava sob o sol constantemente, e para se proteger, usava um chapéu-coco, que foi o motivo para os colegas lhe apelidarem de Cartola. Junto com os amigos sambistas fundou a Estação Primeira da Mangueira, que ganhou as cores verde-rosa por escolha do próprio Cartola. Após alguns anos, o sambista desapareceu, levando algumas pessoas a acreditarem que já estava morto. Anos mais tarde, o jornalista Sérgio Porto encontrou Cartola em Ipanema lavando carros e o colocou novamente no cenário musical. Da Mangueira, o velho malandro mudou-se para Jacarepaguá, onde viveu até sua morte em 1980. O garoto pobre nascido no Catete, aprendeu a tocar sozinho e se tornou uma lenda da música brasileira. De suas obras geniais, deixo aqui seu triste samba, O mundo é um moinho.

domingo, 5 de julho de 2009

A morte completa o mito

Cheguei de não sei onde e entrei pela porta da cozinha, quando minha mãe gritou da sala: "Tenho uma bomba!". Minha irmã correu pra me encontrar ainda lá. Ansiosa, não esperou minha mãe contar: "Michael Jackson morreu". Comecei a rir. "Ah, nem vem! Michael Jackson é imorrível*!", brinquei. Fui pra sala e os noticiários confirmaram o fato. Fiquei estupefata, claro. Como pra muitas pessoas, Michael Jackson foi uma figura marcante na minha vida. Me lembro de quando criança escutar a black or white constantemente, me recordo de ficar confusa ao descobrir que o rapaz branco havia sido uma criança negra, e claro, me lembro do meu pai brincando de fazer moonwalk, imitando-o. Michael sempre foi inspirador! Grande músico, grande dançarino, um grande cara! Michael em suas atuações na tv e nos shows sempre me lembrou de outro homem grande: Charles Chaplin. Fugindo de mais comparações, Jackson foi uma criança prodígio que acabou se transformando no lendário Rei do Pop. Vendeu mais de 750 milhões de discos (mais que qualquer outro artista), ganhou o total de 25 grammys em toda sua carreira, entrou duas vezes pro Rock and Roll Hall of Fame e deu as caras oito vezes no Guiness Book, sendo uma delas por maior contribuição pra caridade já feita no mundo. Entre elas, Michael uniu artistas que jamais pisariam num mesmo solo pra erguer fundos pra combater a fome na África, doou seu cachê do comercial da Pepsi, estimado em 1,5 milhões de dólares pra ajudar crianças com queimaduras e muitas outras coisas. Excêntrico e problemático, Michael Jackson causava polêmica em tudo que fazia. Foi rotulado de homossexual, anti-semita, racista, pedófilo e sabe lá Deus o quê mais! Suas músicas são verdadeiros desabafos, no qual nos mostram claramente que ele já estava de saco cheio disso tudo. Todos queriam sempre um pedaço dele, e foi de pedaço em pedaço que sua vida acabou se esvaindo. Mas como disse algum sábio por aí - A morte completa o mito! Michael está bem agora, longe de todas as acusações e das maldades do qual foi vítima. Nós é quem perdemos um cara incrível, um artista completo. R.I.P MJ!

*Neologismo irônico para imortal.

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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Inventei que era Luísa

Certa noite, eu estava sentado ao lado do meu avô, que lia ao jornal do dia no sofá.
-Vovô, como você soube que realmente amava vovó?
Ele olhou surpreso pra mim como se estivesse sí perguntando daonde aquilo havia saído.
-Eu nunca soube! Ele respondeu para o meu espanto.
-Mas...mas...se o senhor que é casado com ela há tanto tempo e não sabe, acho que o amor não existe, na verdade! Respondi frustrado.
Vovô calou-se pensativo por alguns segundos, depois continuou.
-Houve uma vez quando eu era menino e voltava do colégio. Eu ia em direção ao metro em São José quando a vi. Não, não era sua avó, era outra mulher. Ela tinha uma beleza, que de tanta ia deixando sobras no caminho, e tudo que ia ficando para trás se tornava belo... as ruas, a calçada, as casas com suas portas e janelas e até mesmo os transeuntes distraídos eram contagiados pela beleza dela. Sua pele tinha aquela mesma essência pura e pecaminosa das maçãs. Ao passar, perguntou-me as horas. Sua voz voz era um ressoar de passarinhos, rouxinóis pela manhã. Por azar, eu havia me esquecido do relógio naquele dia. Pedi desculpas e disse que não tinha horas. Ela agradeceu e sorriu, depois foi embora. Como eu nunca soube seu nome, inventei que era Luísa. Nos dias seguintes, no entanto, não me esqueci de usar o relógio um dia sequer, precavendo-me para um eventual reencontro, mas nunca mais vi Luísa. Porém, todos os dias quando coloco meu relógio pela manhã, recordo-me de Luísa, lembro-me que o amor existiu algum dia e andou por aí, perto de mim, nas ruas.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Tardinhas

Sim, ela preenchia todos os vazios das tardes iluminadas e aquecidas de sol sob o Pé de Manga. Ah, toda tranquilidade era achada ali! Era como se toda a paz que o mundo houvera perdido se escondesse ali, a fim de não ser perturbada ou cobrada por homens. Não por egoísmo, nem porque renegava sua missão, mas por cansaço de tanto, tanto trabalhar em vão. Afinal, não precisaria a própria paz encontrar seu descanso? Sim, precisaria sim! E encontrara... e para a sorte daquela garota, bem ali, ao seu lado! Ora, aquele Pé de Manga desde que entrara na sua vida atraíra consigo toda sorte de coisas boas!


Patch from the fantasy novel Fernanda e o Pé de Manga, written by Fernanda Santos

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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Be the church!

Quando criança, fui levada a crer que o caminho mais rápido para Deus era a igreja. E que viver corretamente uma vida cristã significava ser subordinado aos líderes e às leis da instituição religiosa que escolhêssemos.
Muitos anos de prática e, também, passar por muitas decepções, me trouxeram a certeza de que o caminho mais rápido pra Deus é a palavra d'Ele. Que a única e verdadeira lei, é a de amar (amor à Deus acima de todas as coisas, amor ao próximo, além do amor próprio, claro - é indispensável reconhecermos o quão valioso é o dom da vida, nos dado por Deus) e que o único líder em que podemos nos espelhar sem medo de sermos enganados, se chama Cristo. Ele nunca prometeu que as coisas seriam fáceis, mas provou que todas as coisas seriam possíveis através da fé.


Vou deixar aqui o link do site de uma iniciativa muito bacana, cuja finalidade do grupo é algo bem simples - amar.

terça-feira, 21 de abril de 2009

O menino que procurava

Bem, já fazem alguns anos que escrevo crônicas, estórias e músicas. A intenção do blog é publicar algumas criações pros leitores. Divirtam-se!

Vou começar com um dos meus favoritos - O menino que procurava. É um texto metafísico, que subentende a busca do ser humano por uma razão que explique a sua existência individual. É a sublimação de um estranhamento.



"O fato é que havia esse menino que procurava...tanto faz o nome dele, isso não importa agora. Ele devia ter uns doze ou treze anos, o tal menino quando saiu pra procurar. Daí, saiu por aí sem rumo procurando, procurando...Procurou por todo lado, e procurou tanto que dizem que ele chegou na beirada da terra, e não muito satisfeito, perdeu-se no espaço a procurar.Ninguém nunca mais o viu!"