quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Jogo das Portas


Por noites consecutivas tive esse mesmo sonho - eu estava nesse programa de auditório, como os dos anos 90, e eu participava daquela brincadeira em que você tem que escolher entre as portas números 1,2 e 3. E toda noite, toda vez que eu sonhava, eu escolhia a porta número 3, na expectativa de sair uma bicicleta de lá de dentro. Mas todas as vezes, todas as vezes, saía aquele homem com aquela fantasia ridícula de macaco correndo pelo palco. Eu fazia a escolha errada. Noite após noite, eu escolhi a porta errada. Como meu subconsciente não me avisava de que eu já tinha escolhido a porta número 3 e que ela não era a porta certa?! Eu ficava tão frustrada, porque o sonho vinha todas as noites e eu insistia em escolher a porta errada! Mas então, hoje, quando acordei, percebi - é a minha vida! Eu tenho sempre perseguido a porta número 3, esperando encontrar o prêmio, e acabei esquecendo de ampliar meu campo de visão. Há outras portas esperando serem abertas, mas tudo o que eu faço é abrir a mesma porta errada. Talvez, fazemos as mesmas velhas escolhas,porque nos passam segurança, mesmo sabendo que não é a porta que segura o prêmio. Não sei qual é a certa ainda, mas estou mudando de porta agora.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Espírito morto ocupando um corpo vivo

Você toca meus pés quentes e não entende o que eu digo
Apalpa minhas mãos suadas, mas ainda não sabe do que estou falando
Então eu grito e conquanto o som faísca, meus olhos permanecem gelados - Estou morta, estou morta! Por quê não enxerga? - Você não entende uma palavra.
- Eu sinto o calor do seu sangue correndo pelas suas veias... você não pode estar morta. - contesta.
Mas é só um corpo, eu penso. O espírito continua morto.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Cinismo natural


Hoje eu não consegui dormir. Dormir? Esses pequenos pedaços de morte. Como os odeio! Mas talvez eu já esteja literalmente morta. Pior ainda é pensar que talvez eu esteja literalmente viva. Mas enfim, vim para desejar-lhes um bom dia, sim? Comam carne, leiam, façam exercícios físicos. Mas não se apaixonem, viu? Que o amor é algo doentio! Meu Deus, onde já se viu...ver resplandecer uma luz atrás de alguém, igual a quem se vê em todo lugar. Você não é especial. Amor, não me leve a mal, que o meu cinismo é fruto do meu pessimismo natural. E eu não me envergonho que às vezes eu mude de opinião, perdão, se a minha constante inconstância lhe causa confusão.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Acontece


Bateram à minha porta em 6 de agosto, 
aí não havia ninguém 
e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira 
e transcorreu comigo, ninguém. 

Nunca me esquecerei daquela ausência 
que entrava como Pedro por sua causa 
e me satisfazia com o não ser, 
com um vazio aberto a tudo. 

Ninguém me interrogou sem dizer nada 
e contestei sem ver e sem falar. 

Que entrevista espaçosa e especial!


Pablo Neruda (Últimos Poemas)


domingo, 27 de setembro de 2009

O espaço de dois gumes


Ando sem muito o que escrever. Talvez porque na minha cabeça exista um enorme e intrínseco espaço em branco. É como se minha história se resumisse no que foi e no que será. O presente é como um hífen, que apenas liga as duas palavras: passado - futuro. Os dois tempos. Um hífen , aparentemente, não significa nada e não diz nada, só liga um ao outro. Mas lembre-se que mesmo um hífen possui duas extremidades. Um gume no ínicio e outro no fim.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

{Além disso daqui?}

To com sono e cansada. O calor dessa cidade devora minha paciência e a sua mansidão me deixa pra baixo. Quero me aventurar. Quero ver o novo e o velho. Quero ver além disso daqui.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Escute:

Eu te deixo ser, deixe-me ser então.

[Lispector]