terça-feira, 6 de outubro de 2009

Acontece


Bateram à minha porta em 6 de agosto, 
aí não havia ninguém 
e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira 
e transcorreu comigo, ninguém. 

Nunca me esquecerei daquela ausência 
que entrava como Pedro por sua causa 
e me satisfazia com o não ser, 
com um vazio aberto a tudo. 

Ninguém me interrogou sem dizer nada 
e contestei sem ver e sem falar. 

Que entrevista espaçosa e especial!


Pablo Neruda (Últimos Poemas)


0 comentários:

Postar um comentário